Projetos de Cultura (em andamento)
Do quilombo à universidade: Memórias, modos de vida e materialidade
Coordenador: Prof. Dr. João Carlos Moreno
Monitor(a): em período de seleção (bolsista EPEC-FURG)
Período: setembro de 2025 a agosto de 2026
A relação entre a Arqueologia e as comunidades locais, por muito tempo, foi marcada por práticas distantes, em que o conhecimento era produzido de forma verticalizada e sem diálogo com comunidades locais. No entanto, esse cenário vem mudando com o avanço de abordagens que reconhecem a importância da participação ativa das comunidades na construção do conhecimento arqueológico. Como defendem autores como Silva (2012) e Silliman (2022), práticas colaborativas que valorizam a multivocalidade e a reflexividade não apenas enriquecem a pesquisa, mas também tornam o fazer arqueológico mais ético e comprometido com as realidades sociais envolvidas. Isso implica escutar, compartilhar e construir conjuntamente, reconhecendo que os saberes locais são fundamentais para compreender as identidades culturais em sua totalidade. Com base nesse entendimento, este projeto visa estabelecer uma parceria colaborativa com as comunidades quilombolas de Mostardas, buscando valorizar seus legados históricos e arqueológicos sob as perspectivas locais. Sendo desse modo, os objetivos do projeto, a realização de uma exposição de artefatos arqueológicos provenientes dessas comunidades, relacionando-os aos modos de vida locais e às memórias coletivas associadas aos objetos. Além de produzir um catálogo/livro, elaborado em conjunto com os moradores, que reunirá imagens dos artefatos e informações culturais e históricas sobre as comunidades, incorporando narrativas orais e interpretações próprias. As ações do projeto incluem a escuta das comunidades, momentos de conversa e a abertura de espaços para que os próprios moradores escolham os objetos que desejam ver representados na exposição, seja algo que esteja em uma reserva técnica, no mini museu da Escola EMF Quitéria Pereira do Nascimento ou de seus próprios pertences com valor simbólico e histórico. Parte dessa produção será levada à universidade, numa exposição no CIDEC-SUL, promovendo o intercâmbio entre os saberes acadêmicos e os saberes quilombolas. Essa ação de levar conhecimentos e práticas quilombolas para o ambiente universitário busca romper com as barreiras institucionais e reafirmar o protagonismo das comunidades na construção, interpretação e difusão de suas memórias e expressões culturais. Contribuindo para uma Arqueologia mais comprometida com o reconhecimento das múltiplas vozes muitas vezes silenciadas. É proposto uma atuação colaborativa e participativa, valorizando os objetos materiais e imateriais que compõem os legados dessas comunidades, e contribuindo para o fortalecimento de suas identidades e para a circulação de seus saberes em espaços institucionais, como a universidade.