LAPEEX e ARISE realizam chamada para estágio para discentes FURG interessados em na arqueologia dos povos originários do Sul do Brasil
O Laboratório de Arqueologia e Pré-História Evolutiva e Experimental (LAPEEX) está convidando discentes da FURG para estágio em pesquisa em tecnologia lítica (análise de artefatos de pedra lascada) e zooarqueologia (análise de remanescentes de animais encontrados em sítios arqueológicos). O foco dos trabalhos serão os sítios arqueológicos associados às ocupações humanas mais antiga no litoral do Rio Grande do Sul.
Em parceria com o LAPEEX, o Laboratório de Arqueologia Interativa e Simulações Eletrônicas (ARISE) está convidando discentes da FURG para estágio em pesquisa em arqueologia digital. O foco dos trabalhos será no desenvolvimento de jogo digital que explora as primeiras ocupações humanas no Sul do Brasil.
Oportunidades
Os estágios preveem oportunidades de bolsas de Iniciação Científica e Iniciação Tecnológica pelo CNPq e pela FAPERGS, além de bolsas EPEC-FURG sob orientação dos professores Dr. João Carlos Moreno (LAPEEX) e Dr. Alex Martire (ARISE).
Os estágios serão realizados dentro do escopo do projeto “Ocupação humana inicial, evolução e diversidade biocultural dos povos originários do Brasil meridional”, coordenado pelo Prof. Dr. João Carlos Moreno e financiado pela CNPq e pela FAPERGS.
Os estagiários também terão a oportunidade de participar das etapas de escavação arqueológica nos sítios arqueológicos estudados pelo projeto.
Requisitos para as vagas
Para o estágio na área de tecnologia lítica (1 vaga), o candidato deve ser discente do curso de bacharelado em arqueologia.
Para o estágio em zooarqueologia (2 vagas), os candidatos devem ser discentes do curso de arqueologia ou ciências biológicas.
Para o estágio em arqueologia digital (3 vagas), os candidatos devem ser discentes do curso de arqueologia ou cursos voltados à computação.
Os discentes interessados devem encaminhar e-mail para o Prof. Moreno (jcmoreno@furg.br) apontando o interesse na vaga para agendamento de entrevista e visita ao laboratório.
LAPEEX firma convênio com MARSUL e SEDAC-RS
Esta semana o LAPEEX firmou oficialmente o convênio e acordo de cooperação técnica com o Museu Arqueológico do Rio Grande do Sul (MARSUL) e a Secretaria de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul (SEDAC-RS).
Esta cooperação visa desenvolver programas e intercâmbio em matéria de ensino e pesquisa no domínio da arqueologia, com foco nos povos originários, envolvendo docentes, pesquisadores e discentes; desenvolvimento de programas e projetos de formação e pesquisas; colaboração em matéria de pesquisa científica e atividades de disseminação dos conhecimentos.
- O acordo irá proporcionar acesso ao acervo do MARSUL e um intercâmbio entre pesquisadores, professores e estudantes que levará a análises laboratoriais, pesquisas de campo e produção de conhecimento sobre o patrimônio arqueológico tanto do Rio Grande do Sul como de outros estados brasileiros, já que o Museu abriga o terceiro maior acervo arqueológico do país, com coleções provenientes de vários Estados brasileiros, abrigados lá desde os anos 1960, provenientes de pesquisas desenvolvidas durante o Programa Nacional de Pesquisas Arqueológicas - PRONAPA, que desenvolveu-se no Brasil entre as décadas de 1960 - 1980. Essas pesquisas gerarão artigos, monografias e quiçá produções a nível de pós graduação.
- É de interesse mútuo essa colaboração, já que o MARSUL se beneficiará do trabalho realizado pelos nossos estudantes e pesquisadores, e será uma oportunidade excelente de explorar esse acervo em colaboração com esses analistas. Novas abordagens poderão ser realizados, e consequentemente esse acervo poderá ser melhor conhecido pela comunidade acadêmica, bem como pelo público em geral. Os estudantes terão oportunidades de vivenciar experiências com acervos museológicos de grande porte, bem como experienciar o trabalho arqueológico em um espaço diferente da universidade.
O acordo entre as instituições, além de criar maior interesse de estudantes na atuação profissional, auxiliará no desenvolvimento profissional de estudantes capacitados no mercado de trabalho para atuação com curadoria e análise de coleções arqueológicas, além de colaborar com a diminuição da evasão universitária e abrir oportunidades para estudantes.
O acordo tem previsão de duração por cinco anos e foi oficializado no Diário Oficial do Estado.
Coordenador e discentes do LAPEEX realizam etapas de campo e laboratório no Sul do Brasil
Durante o intervalo entre os semestres acadêmicos de 2024, realizado entre setembro e outubro (devido às greves e aos eventos climáticos extremos), a equipe do LAPEEX esteve em visitando diversos sítios arqueológicos e instituições de guarda e pesquisa nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Estas visitas são parte das atividades dos projetos de pesquisa desenvolvidos pelo laboratório e financiados pelo CNPq e pela FAPERGS.
A discente Vanessa Carvalho esteve no Centro de Ensino e Pesquisas em Arqueológicas da Universidade de Santa Cruz (CEPA-UNISC) para etapas de curadoria e análise da coleção lítica do sítio arqueológico Jandor Hanssen, localizado no vale do Rio Pardo.
A discente Ana Cristina de Souza Soares esteve no Laboratório de Arqueologia, Etnologia e Etno-História da Universidade Estadual de Maringá (LAEE-UEM), analisando a coleção de pontas líticas de sítios do estado do Paraná.
O Prof. Dr. João Carlos Moreno esteve no Centro de Estudos e Pesquisas Arqueológicas da Universidade Federal do Paraná (CEPA-UFPR) ministrando curso em Arqueologia Experimental e, junto à discente Ana Cristina, analisou coleções de pontas líticas do vale do Ivaí. Ambos também estiveram do Museu Arqueológico de Sambaqui de Joinville, onde além de analisar as coleções de pontas do Paraná e Santa Catarina, o Prof. Moreno ainda realizou uma demonstração de lascamento.
Novas visitas em sítios arqueológicos do Paraná e do Rio Grande do Sul foram realizadas a fim de verificar seu estado de preservação e planejamento de futuras atividades de campo, além de realizar conversas com a população local e gestores públicos regionais que apoiam nossos projetos.
Estas atividades, realizadas pelo coordenador e pelas discentes, vem contribuindo para o entendimento da arqueologia dos povos originários no Brasil meridional, assim como para a preservação da memória e do patrimônio cultural.
Discentes do LAPEEX são contemplados com quatro bolsas CNPq, FAPERGS e EPEC
Boas novas para o começo do segundo semestre acadêmico de 2024 no nosso laboratório! Quatros discentes do curso de bacharelado em arqueologia e vinculados ao LAPEEX foram agraciados com bolsas com um ano de duração, sob orientação do Prof. Dr. João Carlos Moreno.
A discente Julia Soares Camargo foi agraciada com bolsa PIBIT-CNPq (nível 3 de maturidade tecnológica) para o projeto Análise e replicação experimental dos artefatos ósseos de sítios do litoral central do Rio Grande do Sul (nº 174/2024).
A discente Ana Cristina de Souza Soares foi agraciada com bolsa PROBIC-FAPERGS para o projeto Tecnologia lítica experimental de lêsminas: Uma análise e replicação das pequenas lâminas e lascas retocadas unifacialmente provenientes do sítio arqueológico Beira Rio, Manoel Ribas - PR (nº 117/2024).
A discente Giovana Gazzana Roso foi agraciada com bolsa EPEC Extensão para o projeto Introdução à Arqueologia para Professores do Ensino Fundamental e Médio (nº 155/2024).
A discente Lis Viana Hortencio foi agraciada com bolsa EPEC Ensino para o projeto Grupo de Estudos em Arqueologia dos Povos Originários do Brasil e das Américas (nº 155/2024).
Todos os projetos mencionados terão início em setembro de 2024, com duração até agosto de 2025. Parabéns às discentes merecidamente agraciadas com as bolsas!
Estes resultados são frutos da alta produtividade da equipe do LAPEEX atuando no tripé universitário: pesquisa, ensino e extensão.
Participe do Grupo de Estudos em Arqueologia dos Povos Originários do Brasil e das Américas!
O LAPEEX convida os discentes da FURG a participar do Grupo de Estudos em Arqueologia dos Povos Originários do Brasil e das Américas, o projeto começará no próximo semestre! Junte-se a nós para explorar e discutir textos relevantes sobre arqueologia dos povos originários, além de participar de seminários e visitas a sítios arqueológicos na região de Rio Grande, e manuseio de réplicas e artefatos.
Este grupo proporcionará uma visão aprofundada sobre as origens e a diversidade biocultural dos povos originários e sua importância na identidade brasileira, promovendo a inclusão e o reconhecimento de suas histórias.
As reuniões acontecerão todas as sextas-feiras, as 14:00 horas, a partir da terceira semana de Outubro (18/10/2024) até Junho de 2025 (exceto recessos, feriados e férias), presencialmente no LAPEEX. As VAGAS SÃO LIMITADAS! E vale certificado de participação para horas de atividades extracurriculares!
Inscrições Abertas até 31/08/2024, clicando aqui para acessar o formulário.
Para mais detalhes, entre em contato com o laboratório. Vamos juntos descobrir e valorizar nosso patrimônio arqueológico!
Congresso Internacional de Arqueologia Experimental será no Brasil em 2025
A EXARC, sociedade científica internacional de arqueologia experimental e museus a céu-aberto, anunciou que a Experimental Archaeology Conference 14 será realizada pela primeira vez fora da Europa, no Brasil. O evento será realizado na Universidade Federal do Paraná, Campus Juvevê, em Curitiba, entre os dias 12 e 16 de maio de 2025, sendo três dias de palestras e apresentações, além de dois dias de excursões para museus e sítios arqueológicos no leste do Paraná.
O evento ocorreria inicialmente na FURG. Contudo, os organizadores optaram pela mudança de local devido aos eventos climáticos extremos que afetaram o Rio Grande do Sul em 2024.
O projeto do evento é coordenado pelo Prof. Dr. João Carlos Moreno, e possui recursos do CNPq.
Mais informações sobre programação e inscrições serão anunciadas ainda neste ano.
Pesquisadora do LAPEEX participa de etapa em sítio Pueblo nos Estados Unidos
Durante o mês de Junho de 2024, a zooarqueóloga Dra. Gabriela Sartori Mingatos está participando de uma importante etapa de pesquisas arqueológica no Colorado, Estados Unidos.
A Dra. Mingatos é, atualmente, pesquisadora de pós-doutorado do Laboratório de Estudos Evolutivos Humanos (LEEH), do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IB-USP) e pesquisadora associada ao Laboratório de Arqueologia e Pré-História Evolutiva e Experimental (LAPEEX) da FURG. A arqueóloga foi convidada para participar das escavações e realizar a análise dos artefatos ósseos encontrados ao longo das campanhas de escavação do sítio arqueológico Wallace Ruin. Experimentos de replicação de artefatos também estão sendo realizados.
O sítio arqueológico Wallace Ruin
Wallace Ruin (5MT6970) é um sítio arqueológico situado em Cortez, no Colorado. A escavação do sítio ocorre pelo menos duas vezes por ano desde 1969. As escavações são coordenadas pelo casal Dr. Bruce Bradley e Dra. Cynthia Bradley, realizada com a participação de voluntários.
A formação e ocupação do sítio ocorreu entre os séculos XI e XII - ou seja, entre cerca de 1000 e 900 anos atrás. Trata-se de um Pueblo, ou seja, uma antiga vila habitada por povos ancestrais dos nativos americanos que ocuparam o sudoeste dos EUA. Um Pueblo é formado por quartos, habitações e Kivas. Os quartos normalmente serviram de local de armazenamento de comida, as Kivas são locais dedicados a interação social, e as moradias ou Pithouses são os locais de moradia. Todas as estruturas eram escavadas na terra e uma estrutura de pedras talhadas unidas com adobe era utilizada para manter sua estrutura. Ao longo das escavações é possível observar nas construções diversos momentos de ocupação e transformação do espaço. Nos artefatos é possível observar mudanças importantes de estilo e manufatura da cerâmica ao longo do tempo.
Os povos Pueblo
Dentre as experiencias vividas pela pesquisadora, ela teve a oportunidade de visitar o Museu “The canyons of the Ancients Visitors Center” dedicado aos povos ancestrais pueblo e outros locais arqueológicos como o Mesa Verde International Park, um complexo de sítios arqueológicos protegidos e considerados patrimônio mundial da UNESCO e o Pueblo de Sand Canyon, também escavado pelos coordenadores da escavação de Wallace Ruin.
“Pueblo people live as a Community. We are not orientated as individuals or individual family groups. We’ve groups of clans, societies and extended families. As a group, we’re a community. Pueblo people are about us and we, not about me,I, or myself » (Peter Pino - Zina Pueblo).
“O povo Pueblo vive como uma comunidade. Não somos orientados como indivíduos ou grupos familiares individuais. Temos grupos de clãs, sociedades e famílias extensas. Como grupo, somos uma comunidade. As pessoas Pueblo são sobre nós e nós, não sobre mim, eu ou eu mesmo (Peter Pino - Zina Pueblo)
Todo o trabalho realizado no sítio Wallace Ruin está disponível tanto no perfil do Research Gate do professor Dr. Bruce Bradley quanto em seu site.
Pesquisadora do LAPEEX participa de etapa na África do Sul em busca dos primeiros Homo sapiens
Durante os meses de Maio e Junho de 2024, a arqueóloga Maria Eduarda (MaDu) Donegá está participando de uma importante etapa de pesquisas arqueológica na costa da África do Sul.
MaDu foi aluna de Iniciação Científica da Universidade de São Paulo e bolsista do CNPq, com projeto de arqueologia experimental associado aos estudos de origem e desenvolvimento da transmissão cultural entre hominínios no Paleolítico Africano, tendo sido orientada pelo Prof. Dr. João Carlos Moreno (coordenador do LAPEEX). MaDu atualmente é pesquisadora colaboradora do LAPEEX e é a única estudante brasileira selecionada para integrar o projeto HOMER e o subprojeto Boomplaas na etapa 2024.
Projeto HOMER
O Projeto Human Origins, Mobility and Evolution Research (HOMER) é um grande projeto operado em várias regiões do continente africano. O projeto tem como objetivo primário estudar modelos a origem, comportamento, redes e cooperação humana. Os sítios arqueológicos estudados datam desde mais de 160 mil anos até cerca de 50 mil anos. O projeto ainda busca entender como as sociedades humanas mudaram durante o Pleistoceno Tardio e Holoceno e suas associações com mudanças climáticas . Os pesquisadores buscam entender por que o ambiente está mudando e, para isso, necessitam de dados paleoambientais. Para tal, coletam muitos achados arqueológicos para criarem um denso conjunto de dados.
Subprojeto Boomplaas
O Projeto HOMER é como uma árvore com vários ramos e um deles é a ramificação Boomplaas, liderada pelo Dr. Justin Pargeter, do Center for the Study of Human Origins (CSHO), da New York University . O subprojeto Boomplaas visa compreender o papel das rápidas mudanças climáticas nas adaptações humanas aos ambientes montanos do Cabo sul-africano. O projeto está reescavando a Caverna Boomplaas, um dos principais sítios paleolíticos da África, localizado no sul da África do Sul, com uma sequência de ocupação humana de aproximadamente 80.000 anos. Também estão envolvidos em levantamentos de paisagens.
A etapa de 2024
Nessa temporada de pesquisas, a arqueóloga Madu Donegá irá rotacionar entre Mossel Bay e Boomplaas. Em Mossel Bay, MaDu realizará análise dos materiais líticos (pedra lascada) encontrados em diversos sítios trabalhados pelo Projeto HOMER. Em Boomplaas, participará das escavações.
"Estou muito animada e feliz com tudo que está acontecendo. Estou aprendendo muito todos os dias e estou honrada de poder representar meu país neste projeto", comentou MaDu Donegá.
Ponta lítica é encontrada no Sambaqui de Cabeçuda (Laguna, SC)
Foi publicado um novo artigo, em parceria entre os pesquisadores do LAPEEX e do Laboratório de Estudos Evolutivos Humanos (LEEH) da Universidade de São Paulo (USP), sobre o achado de uma ponta lítica em um concheiro litorâneo.
As pontas líticas são comumente encontradas em sítios arqueológicos associados a grupos caçadores-coletores de diferentes culturas datados entre 13 mil e 5 mil anos atrás. Achados mais recentes são mais raros, especialmente em sítios de grupos sambaquieiros, que não produziam este tipo de artefato.
O Sambaqui da Cabeçuda, localizado em Laguna (SC), onde foi encontrado o artefato em questão, é um sambaqui que começou a ser construído a cerca de 4500 anos mas que nunca teve sua indústria lítica lascada estudada. De fato, líticos lascados são pouco frequentes na maioria dos sambaquis e, portanto, encontrar uma ponta lítica é algo ainda mais raro.
O artefato foi encontrado há quase 50 anos, tendo sido registrado em 1969, mas nunca foi estudado. O registro carece de informações sobre o contexto estratigráfico, impossibilitando entender a sua relação com o concheiro. Esta não é a primeira vez que pontas líticas são encontradas em concheiros, mas, em todos os casos, são achados muito raros e entendidos como produto do contato entre os grupos sambaquieiros e grupos de caçadores do interior do Brasil meridional, ou apenas à passagem de grupos do interior durante períodos em que os concheiros não estavam sendo ocupados.
Toda a discussão sobre a relação de grupos sambaquieiros e grupos caçadores do interior é apresentadas pelos autores que assinam o artigo: o Prof. Dr. João Carlos Moreno (coordenador do LAPEEX-FURG), Dra. Gabriela Mingatos (pós-doutoranda do LEEH-USP e pesquisadora associada do LAPEEX-FURG), e Dra. Mercedes Okumura (coordenadora do LEEH-USP). O artigo se encontra disponível em livre acesso no link a seguir:
Equipe LAPEEX realiza pesquisas no CEPA-UNISC e MARSUL
No retorno das férias do LAPEEX, a primeira quinzena de fevereiro foi marcada pelas atividades de pesquisa laboratorial da nossa equipe no Centro de Ensino e Pesquisas Arqueológicas da Universidade de Santa Cruz do Sul (CEPA-UNISC) e no Museu Arqueológico do Rio Grande do Sul (MARSUL). As atividades realizadas são parte dos projetos de pesquisa em andamento financiados pela FAPERGS e CNPq, coordenados pelo Prof. Dr. João Carlos Moreno, e incluíram curadoria e análise de artefatos ósseos, artefatos líticos e remanescentes humanos, todos provenientes de sítios arqueológicos associados a povos originários do estado do Rio Grande do Sul.
Além do Prof. Moreno, participaram da campanha as discentes do curso de bacharelado em arqueologia Débora Barros Nascimento e Vanessa Carvalho, além da Dra. Gabriela Mingatos (pós-doutoranda do Laboratório de Estudos Evolutivos Humanos da Universidade de São Paulo).
Equipe do LAPEEX no CEPA-UNISC. Da esquerda para a direita: Prof. Dr. João Carlos Moreno, Débora Barros Nascimento, Prof Dr. Sérgio Klamt (diretor do CEPA), Dra. Gabriela Mingatos e Vanessa Carvalho.
Agradecemos ao Prof. Dr. Sérgio Klamt (diretor do CEPA-UNISC), e à Msc. Luisa D'Avila e Cleiton Silveira (equipe técnica do MARSUL) pela disponibilidade em nos receber e pelo apoio e colaboração nos projetos.
A equipe do LAPEEX ainda marcou presença na reabertura do MARSUL para pesquisadores. Um vídeo sobre a visita foi produzido pela equipe técnica do MARSUL:
Novo estudo registra pontas líticas e lesmas miniaturizadas no leste de Goiás
Em novo artigo, publicado no periódico Cadernos do LEPAArq, arqueólogos realizam um estudo sobre a tecnologia de lesmas (um tipo específico de raspador pré-histórico encontrado no continente Americano) e de pontas líticas encontradas em sítios arqueológicos do leste do estado de Goiás. A publicação é resultado de um projeto de arqueologia realizada do âmbito do licenciamento ambiental, numa colaboração entre instituição acadêmica e instituições de arqueologia preventiva.
Pesquisas sobre sítios arqueológicos associados a grupos caçadores-coletores no estado de Goiás têm revelado, desde a década de 1970, uma alta produção de artefatos líticos unifaciais alongados, conhecidos na literatura acadêmica brasileira como ‘lesmas’. Neste mesmo contexto, a presença de pontas de dardos ou flechas produzidas por tecnologias líticas bifaciais tem se mostrado escassa, com casos muito esporádicos reportados em poucos locais, e geralmente interpretada como exceções à norma cultural regional ou evidências de contato com grupos meridionais.
Estes grupos caçadores-coletores, com grande presença de lesmas e nenhuma tecnologia bifacial ou de pontas, foram associados por diversos pesquisadores a uma única unidade cultural que ficou conhecida como “Tradição Itaparica”, criando a ideia de uma suposta homogeneidade cultural que se estenderia do Centro-Oeste ao Nordeste brasileiro. Ao mesmo tempo, outros pesquisadores questionaram a validade desta “tradição” que seria baseada apenas na presença de lesmas e escassez de tecnologias bifaciais, e sem uma devida análise das demais classes de vestígios líticos que compõem toda a indústria.
O novo artigo apresenta um estudo tecnológico de um conjunto de artefatos identificados em cinco sítios arqueológicos situados nos municípios de Planaltina e Água Fria de Goiás, no leste de Goiás. Este conjunto de artefatos é constituído de dezenas de lesmas miniaturizadas, algumas pré-formas bifaciais, uma ponta pedunculada fraturada, alguns percutores e uma lâmina de machado polido. Os resultados deste estudo sugerem que a associação de sítios arqueológicos à “Tradição Itaparica” não deve ser realizada de forma prematura considerando apenas a presença abundante de uma única classe de artefato formal, como a lesma, uma vez que este mesmo artefato pode apresentar variabilidade tecnológica e/ou tipológica regional, e/ou cronológica.
O artigo é de autoria do Prof. Dr. João Carlos Moreno (coordenador do LAPEEX-ICHI-FURG), e com coautoria de João Cláudio Estaiano (JCE Consultoria Ambiental) e Maria Keiko Yamauchi (Prominer Projetos), além de Juliana de Souza Cardozo, Uelde Ferreira de Souza e Claudio César de Souza e Silva (Traços e Ofícios Consultoria Ambiental e Cultural).
O artigo pode ser acessado de forma livre e na íntegra na página da revista: Moreno et al. 2023. Pontas bifaciais e lesmas miniaturizadas: Estudo tecnológico de uma indústria lítica de caçadores-coletores no leste de Goiás. Cadernos do LEPAArq, 20 (40): 334-367. DOI: 10.15210/lepaarq.v20i40.4814
LAPEEX publica sobre o povoamento inicial da América do Sul na Encyclopedia of Archaeology
Em 2024 será publicada a segunda edição da Encyclopedia of Archaeology, publicada pela Academic Press, da Elsevier. Esta edição contará com capítulos básicos e didáticos sobre os principais temas da arqueologia mundial.
A edição contará, pela primeira vez, com um capítulo sobre o povoamento inicial da América do Sul, escrito em colaboração entre dois dos pesquisadores mais atuantes sobre o tema atualmente: o Prof. Dr. João Carlos Moreno, coordenador do LAPEEX-ICHI-FURG, e o Prof. Dr. Carlos Eduardo López, que coordena o Laboratorio de Ecología Histórica y Patrimonio Cultural, da Facultad de Ciencias Ambientales, Universidad Tecnológica de Pereira, (Colombia).
A ocupação inicial das Américas é um dos principais tópicos atualmente debatidos na arqueologia sul-americana. Nos últimos anos, os debates relevantes se concentraram principalmente na validação de sítios arqueológicos datados do Pleistoceno; na diversidade biocultural e na ascendência dos primeiros povos originários das Américas; e nos modelos propostos para as rotas de chegada e distribuição no subcontinente. As populações de caçadores-coletores das Américas eram geograficamente dispersas, caracterizadas por uma ampla variedade de subsistência, habitação e estruturas organizacionais. Sua variabilidade está demonstrando claramente a existência de vias culturais distintas, incluindo o manejo e a domesticação antiga das plantas. A variação regional pode estar relacionada a fatores ambientais, interações culturais, dieta e coevolução da paisagem. Este capítulo apresenta uma síntese dos estudos de do período relacionado ao povoamento inicial da América do Sul com base na literatura arqueológica mais recente sobre o tema.
Pontos chave:
• O capítulo fornece uma síntese de pesquisas atuais sobre o povoamento inicial da América do Sul.
• São apresentados os principais sítios e culturas arqueológicas de dos primeiros povos na América do Sul.
• É apresentado o estado-da-arte dos modelos e hipóteses de povoamento da América do Sul.
• São discutidas as principais abordagens de estudo, problemáticas e direções futuras sobre o tema.
Apesar da enciclopedia ter data prevista de publicação apenas em 2024, o capítulo sobre o povoamento inicial das Américas já está disponível e pode ser acessado no link abaixo.
LAPEEX é contemplado na Chamada Universal CNPq 2023
Esta semana foi divulgado o resultado final da Chamada CNPq/MCTI Nº 10/2023 , no qual o projeto do LAPEEX, coordenado pelo Prof. Dr. João Carlos Moreno, foi contemplado na Faixa B - Grupos Consolidados.
O projeto, intitulado OCUPAÇÃO HUMANA INICIAL, EVOLUÇÃO E DIVERSIDADE BIOCULTURAL DOS POVOS ORIGINÁRIOS NAS BACIAS DO PRATA E LITORÂNEA DO BRASIL MERIDIONAL, se trata de um projeto multi e interdisciplinar que prevê escavações em sítios arqueológicos de diferentes contextos culturais, e análise de diferentes evidências arqueológicas, tais como remanescentes humanos e remanescentes de fauna e flora, artefatos líticos, ósseos e cerâmicos, e sedimentos. O projeto também prevê ações de divulgação científica, arqueologia colaborativa, digitalização 3D de materiais, e produção de um jogo digital didático sobre a pré-história do Brasil Meridional.
Além do Prof. Moreno, ainda integram a equipe os seguintes pesquisadores:
Prof. Dr. Alex Martire |
Pesquisador associado do LAPEEX e coordenador do ARISE-FURG |
Dra. Mercedes Okumura |
Coordenadora do Laboratório de Estudos Evolutivos Humanos, do Instituto de Biociências-USP |
Dra. Gabriela Mingatos |
Pós-doutoranda do LEEH-IB-USP e pesquisadora associada do LAPEEX-FURG |
Dr. Eduardo Apolinaire |
Pesquisador do Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (CONICET) / Divisão de Arqueologia da Facultad de Ciencias Naturales y Museo Universidad Nacional de La Plata (Argentina) |
Dra. Letícia Correa |
Pós-doutoranda da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), USP |
Dr. Fabrício Vicroski |
Arqueólogo/pesquisador da Universidade de Passo Fundo e pós-doutorando no Instytut Archeologii Uniwersytetu Wrocławskiego (Polônia) |
Ms. Vanderlise Barão |
Técnica em arqueologia/pesquisadora associada do LAPEEX-FURG |
Ms. Pedro Cheliz |
Doutorando em geologia pela UNICAMP |
Ms. Luisa d’Ávila |
Analista cultural do Museu Arqueológico do Rio Grande do Sul (MARSUL) |
Enrico di Gregório |
Pesquisador colaborador do LAPEEX-FURG |
O projeto tem previsão de duração até início de 2027, começando com as pesquisas de campo no litoral central do Rio Grande do Sul e no Vale do Piratini.
Para saber mais sobre os projetos do LAPEEX, clique aqui.
LAPEEX no DIG-GEGAL 2023
O LAPEEX esteve presente no mais recente congresso do Developing International Geoarchaeology e do Grupo de Estudos Geoarqueológicos da América Latina, ocorrido entre 20 e 24 de novembro de 2023 no InovaUSP, em São Paulo.
Além da presença nas palestras e simpósios, foram apresentados dois trabalhos em formato de comunicação oral, sendo o primeiro apresentado pela nossa TAE e pesquisadora associada, Msc. Vanderlise Machado Barão, intitulado "Sambaqui Capão da Marca A, RS-LC-14: Processos de erosão de praia e os impactos sobre o registro arqueológico".
O segundo trabalho, intitulado "Análise geoarqueológica das estruturas monticulares-circulares encontradas na paisagem do extremo sul do Rio Grande do Sul" foi apresentado pela discente Giovana Gazzana.
Aluna do LAPEEX vence Prêmio Destaque na MPU FURG 2023
A nossa aluna Débora Barros Nascimento recebeu o Prêmio Destaque do Congresso de Iniciação Científica 22ª Mostra de Produção Universitária da FURG, graças ao seu trabalho intitulado Curadoria de Remanescentes Humanos e Morfologia Craniana: Um Relato de Experiência Arqueológica.
Débora é bolsista PROBIC-FAPERGS (n° 2023-0234), sendo orientada pelo Prof. Dr. João Carlos Moreno.
LAPEEX na Semana Acadêmica de Arqueologia FURG 2023
A Semana Acadêmica de Arqueologia da FURG de 2023, ocorrida no começo de outubro, teve participação do LAPEEX, com uma bela apresentação da nossa aluna Giovana Gazzana, sobre o seu trabalho intitulado Análises Geoarqueológicas das Estruturas Monticulares-Circulares Encontradas na Paisagem do Extremo Sul do Rio Grande do Sul.
Neste trabalho, Giovana apresentou dados preliminares das etapas de campo onde realizamos prospecções e aplicamos o método de sensoriamento remoto com técnica de Radar de Penetração no Solo (GPR).
Apresentação do LAPEEX
O Laboratório de Arqueologia e Pré-história Evolutiva e Experimental (LAPEEX) integra o Instituto de Ciências Humanas e da Informação (ICHI) da Universidade Federal do Rio Grande (FURG). O LAPEEX foi criado em 2022 pelo Professor Dr. João Carlos Moreno, atual coordenador.
O LAPEEX realiza pesquisas arqueológicas focadas na Pré-História geral do Velho Mundo (especialmente sobre o período Paleolítico e os primeiros hominínios) e na Arqueologia dos Povos Originários da América do Sul, (especialmente nas primeiras ocupações do continente e nas ocupações costeiras). O LAPEEX forma um Grupo de Pesquisa do CNPq que possui diferentes linhas de pesquisa interdisciplinar em arqueologia, mas seu foco principal se baseia no corpo teórico da Arqueologia Evolutiva e da Arqueologia Experimental, sendo estes aplicados a partir de uma multidisciplinaridade de métodos e técnicas de estudo. Além da pesquisa científica, o LAPEEX realiza projetos de ensino, extensão e divulgação científica da arqueologia.
Última atualização: 07-08-2023